sábado, 26 de fevereiro de 2011

Profilaxia do livro e da leitura



Quando abriu o livro, não demorou a perceber que uma ave esvoaçava dentro dele. A ave era uma bela ave de muitas cores. Estava ali, presa às folhas, mas não estava aflita: apenas mostrava alguma impaciência para poder voar.
Também não demorou a perceber que a ave não queria voar sozinha. E foi então que começou a ler.

As metáforas que podemos encontrar para dizer quanto a leitura pode ser sedução e magia, são certamente infindas, insondáveis como os caminhos que a própria leitura promove. Ler é ir percorrendo mundos diversos. Alguns, porque aproximados ao conhecimento que já temos das coisas, mostram novas faces e solidificam a compreensão. Outros, porque distantes e inimagináveis, são descobertas fascinantes que indelevelmente se instalam na memória ativa, sendo esta a mestra preciosa para a preparação de todos os caminhos a percorrer.

Indiscutível é a importância do livro nas nossas vidas, independentemente da idade em que lemos e com que lemos. Provavelmente, ler é, hoje, mais necessário do que nunca. Os tempos actuais trouxeram-nos a vertigem de um viver quotidiano, feito de estados de superfície, de solicitações frenéticas e de respostas imediatas, dadas na sucessão contínua e consequente atropelo dos acontecimentos. Na correria desenfreada em que acontece a nossa vida, quase não temos tempo nosso, um tempo verdadeiramente para nós. E, cada vez mais, desde a infância, nos é surripiado o tempo do ócio, um tempo real de desocupação, que nos dê tempo para irmos à procura de nós mesmos e nos encontremos, pela introspeção ou pelo jogo lúdico. E essa é (será) uma descoberta fascinante, através de estratégias aliciantes, mas também exigentes, para uma aprendizagem interiorizada do “eu” pelo próprio “eu”.

O livro, mesmo que seja na versão eBook (porque não?), está aí (continua aí) para desacelerarmos o ritmo e desatarmos a formatação em que caem as nossas vidas, de crianças, de jovens e de adultos. Também para metermos nelas mais sedução e magia, a sedução e a magia inigualáveis da leitura.
     
                                                                       Fernando Hilário

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